quinta-feira, 29 de outubro de 2009


Conheci Glaucia Carvalho em setembro de 2005. Seu talento (piano, voz, composição), é imenso. Muita gente se lembra dela somente pelos versos (muito felizes) de "Doce Nome": "Só de ouvir Tua voz/ De sentir Teu amor/ Só de pronunciar o Teu nome/ Os meus medos se vão/ Minha dor Meu Sofrer/ Pois de paz Tu inundas meu ser...". Posso afirmar que ela tem outros versos belíssimos, e "Pó", foi um presente. Colocar música numa pérola destas é uma dádiva.


Letra: Gláucia Carvalho
Música:Silvestre Kuhlmann

Do pó viemos todos,
Pro pó vamos voltar,
Quer queiramos, não queiramos,
Vamos todos nos misturar.

As cores, credos, cruzes,
Os sonhos, ossos, sorte,
Debaixo da terra fria
Que aguarda uma nova morte.

Ali, inertes, iguais,
Se cruzam os dedos num adeus;
Ali, de golpes fatais,
Vão até os que acham ser Deus.

Ninguém leva poder nem orgulho,
Apodrecem sem brio, barulho,
Amortecem seus feitos, conquistas
E se perdem num sepulcro escuro.

É só pó misturando os antigos
Aos incautos, aos maiores inimigos;
Misturando o pobre e o rico,
Enxertando o feio no bonito.

O que resta é o que se fez em vida,
O que importa é alguma saudade deixar,
Pois até a morte aduba o ódio
De quem se fez sofrer e chorar.

Sem contar que depois de encerrados
E cerrados seus olhos e lida,
Sua alma já segue o destino
De uma escolha que só se fez em vida.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Silvia Mendonça


Conheço e aprecio o que a Sil escreve há muito tempo."Jesus, meu amado, como poderia Te qualificar/ Se não há vocábulo tão alto para que eu possa usar/ pois palavras são tão pobres/ Pra falar do rico dom/ Que encheu nossos odres/ De incomparável vinho bom" são uns dos meus versos preferidos. Hoje tenho a alegria de ser amigo e parceiro da Sil, que sempre me traz coisas boas (novidades do C.S.Lewis, Tolkien, Chesterton...). Aí vai uma parceria:

Esperança
Letra: Silvia Mendonça
Música: Silvestre Kuhlmann

Quero ouvir outra trilha enquanto penso,
Outro som aqui dentro,
Outro pensamento;
Olhar sem a venda das sombras.

Quero Aquele que faz novas
Todas as coisas.
Sua novidade,
As boas novas;
E o Verbo no presente.

Quero olhar no espelho
E me ajeitar à Sua imagem,
Vê-Lo à frente
E me rever.

Não quero que o tempo pare nem passe,
Não quer o tempo,
Quero a eternidade.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Dedo de Prosa


Esta parceria com Isaias Oliveira acabou virando o título do cd de mesmo nome, lançado em 2007. Esta letra me remete às férias de infância, passadas no interior de SP(Franca e Batatais). Bom saber que um Deus santo convida pecadores à mesa.

Dedo de Prosa
Letra: Isaias Oliveira
Música: Silvestre Kuhlmann

Venha, não se acanhe
Se achegue pra dentro,
Se ajeite;
Comadre passou um cafezinho
Aceite.

Se assente aqui mesmo
Ou deite na rede
A casa é modesta
De gente honesta
E sua visita nos é prazerosa;

Sinta-se em casa
Enquanto trocamos
Um dedo de prosa.

Não se espante, compadre,
Se lhe trato assim;
É que o Deus que conheço
Faz desse jeitim;

Às vezes me achego à soleira
Meio ressabiado
Querendo conversa, um ombro amigo,
Um agrado;
E Ele me chama pra dentro
Nem olha minha vida horrorosa
Com todo o carinho do mundo
Vai logo dizendo:

"Sinta-se em casa
Enquanto trocamos
Um dedo de prosa."

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Ninguém Mais Fala do Amor


Conheci o Isaias Oliveira em 2004, em uma visita à Comunidade de Jesus de SBC. Ele se aproximou de mim após eu ter tocado, e perguntou se podia me mandar algumas "letrinhas". Quando abri o e-mail, cheguei a me comover às lágrimas. Gravei nossas parcerias "Sinfonia da Mata" e "Teu Estar" (No cd "A Mais Bela Poesia"), "Dedo de Prosa" e "O Que virá" ( No cd "Dedo de Prosa"), e no próximo cd estarão "Ninguém Mais Fala do Amor" e "Efêmera".


Ninguém Mais Fala do Amor
Letra: Isaias Oliveira
Música: Silvestre Kuhlmann

Estou cansado de ouvir frases feitas,
Palavras soltas, duplos sentidos;
De ver que as coisas não tomam jeito,
Essas frases de efeito não têm nada a ver comigo.

Eu sei que alguém mentiu pra mim,
Um outro não disse a verdade;
Queria ver poesia escrita
Num muro qualquer dessa cidade.

Os pais falam aos filhos
E aos estudantes o professor;
Um rádio ligado, um comício na praça,
Um cantar do cantador;

Os sons, a lábia e a missa,
Palavras belas têm seu valor,
Mas perdem graça à premissa:
Ninguém mais fala do amor.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A Pedra de Amolar


Mais uma pérola de Roberto Diamanso, que tive a alegria de musicar. Muito felizes os trocadilhos "amolar/afiar", "que eu não me desaponte", "pra que eu não fique cego". Bela paráfrase de Provérbios 27:17.

A Pedra de Amolar

Aquele que, comigo, quando eu choro, chora
Aquele que comigo dança
A este jamais direi:
Ora, não me amoles!

Porque se como o ferro com ferro se afia
Afia o homem a seu amigo
Isto hoje te digo:
Podes me amolar!

Oh! Deus, dá que quando entre eu e meu amigo
Houver atrito a ponto de sair faísca de fogo
Que eu não me desaponte porque este tal
É enviado teu pra que eu não fique cego.

Porque cego não vê que sem o esmeril
Se perde o fio, o gume
Quem pode perceber não perde a comunhão, assume
Estende a mão, aceita a pedra de amolar.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Roberto Diamanso


Existem poetas de palavras e poetas de gestos. Roberto Diamanso é dos poucos que conseguem ser as duas coisas. Quando o conheci, fiquei impressionado com as alusões à colher que enche a boca dos famintos e a colher de pedreiro, que edifica casas. Além de ser bom pai natural (três filhos), adotou outros dez. Conviver com ele é uma lição de evangelho. Aí vai uma das suas pérolas:

Ar da Graça (Letra:Roberto Diamanso/ Música: Silvestre Kuhlmann)

A poesia há de vir
Enquanto a gente bota a mão
Na massa.
Enquanto a gente assa o pão,
Vem a inspiração.
Vem cá, irmão:
Vem que a canção vai dar
O ar da graça!

Graça suficiente que alegra a vida
E a gente mostra os dentes num sorriso.
Graça que se extravasa em nossas mãos
Se a gente enche a laje em mutirão
Quando é preciso;

Porque preciso é justo ao necessário,
Nem forte, nem fraco,
Nem retardatário,
Nem antes do tempo.

Movimento de acrobata, exato;
Se a vida é por um triz,
Entrego ao Deus atento.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Um Poema de Até Breve...


Faleceu um jovem amigo da Comunidade de Jesus (se não me engano, ele tinha apenas 18 anos...). Wolô tirou, em meio a sua dor, esta preciosidade:

Um poema de Até breve...(A Rodrigo Monteiro de Oliveira)

Querido Rodrigo
Que me chamava de amigo
Que me chamava de irmão

Não sei bem o que digo
Nem sei se consigo
Dizer algo bom

É que assim tão triste
Ao saber que partiste
Fiquei sem noção

E as nossas risadas
Benditas, bem dadas
Estão fora do tom

E a dor que choramos
E assim suspiramos
Não tem solução

Mas se a trágica foice
Ousar dizer: - Foi-se
Diremos que não!

Nós todos amigo
Diremos Rodrigo!
Ressurreição!!!

domingo, 18 de outubro de 2009

Cultos


"Cultos" e "Obra-Prima? Eu?" (ambas de Wolô) estarão gravados no cd "Milagres", que deve estar por chegar. A espera já ultrapassa três meses, mas creio que ainda esta semana receberei a boa notícia: Pronto.

Cultos
Letra:Wolô
Música:Silvestre Kuhlmann

Sábios, ajuntai os alfarrábios;
Doutos, recolhei os livros soltos,
E uma grande montanha tereis.

Amassai feito banana a curta cultura humana,
Espremei desesperados gota a gota
Os postulados, teoremas e tratados de uma vez.

E vede se esse sumo mata a sede devida,
Se esse sumo mata a morte sem norte nem vida,
E vereis toda a ciência congruente que ajuntais
Impotente contra a ausência de eterna paz.

Aprendei a tabuada
Sem complexo de doutor
Que jamais uma coisa criada
É maior que o Criador.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Obra-Prima? Eu?




Ainda falando do Wolô, esta foi nossa primeira parceria. Letra que tem confortado e tocado muitas pessoas.

Obra-prima? Eu?
Letra:Wolô
Música:Silvestre Kuhlmann

Quando olhar para si mesmo
E não vir nada mais
Do que um pássaro a esmo;
Contra mil vendavais
Debatendo-se em penas;
Tanta pena de si,
Perguntando-se apenas:
- Porque foi que eu nasci?

Quando a própria certeza
Não passar de um talvez;
Cada enzima, cada osso,
Só um fosso
De porquês...

E a mais pura beleza
For igual aos balões;
Cada pelo, cada nervo
Um acervo
De ilusões;

Saiba, nem um cabelo
Cairá se não for
Sob o vivo desvelo
De um Deus Criador.

Seu mais lindo poema
Se reflete em você.
- Filho, venha, não tema;
Eu Sou o seu porquê.

Você é um manifesto
Da verdade vital.
Cada nervo, cada pelo
Um modelo
Original.

Você mesmo é um gesto
Desmassificador;
Cada osso, cada enzima
Obra-prima
Do Senhor.