sábado, 30 de abril de 2016

A Ovelha Perdida (Silvestre Kuhlmann)

Tanta ovelha no redil/Mas em mim sinto um vazio.../Aqui tem noventa e nove/Eu te digo o que é que houve:/ Uma ovelha sumiu,/Foi roubada ou fugiu?/Fora do meu aprisco/Ela está correndo risco./No meio do meu rebanho/  De nenhuma eu desdenho,/ Todas são tão importantes/ Mesmo as mancas e doentes;/ Eu as curo com cuidado;/ As dispersas, meu cajado/ Traz sempre para perto;/  Meu amor é imenso e certo./ Minha ovelha perdida/ Onde andará escondida?/ Será que encontrou comida?/ Será que ainda tem vida?/ São tantos os maus pastores,/ São tantos os predadores/ Que querem sua lã e couro,/ Mas ela é meu tesouro!/ Ela é dócil, e indefesa,/ No campo tem lobo e raposa,/ Vida aqui é perigosa,/ Ela é mansa e amorosa./ Não quero que ela pereça,/ Quero que ela apareça,/ Por isso eu irei buscá-la,/ Com insistência vou chamá-la;/ Reconhecerá minha voz?/ Ela é do meu rebanho,/ Não seguirá o estranho,/ Virá correndo veloz!/ Indo por desfiladeiros,/ Abismos, despenhadeiros,/  Meu andar, acelerado,/ Meu ouvido era aguçado/ Quando ouvi o seu balido,/ Foi música ao meu ouvido,/ Estava cansada e com medo,/ Mas corri logo ao seu lado;/ Peguei-a em meus braços,/ Coloquei-a sobre os ombros,/ Aliviei seus cansaços,/ Sosseguei-a dos assombros,/ A levei pra minha casa,/ Reuni vizinho, amigo,/ Preparei a minha mesa/ E a todos logo digo:/ Vamos celebrar a festa,/ Minha ovelha era perdida,/ Voltou ao rebanho com vida,/ Não há outra igual a esta!