sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O Fariseu e o Publicano (Silvestre Kuhlmann)

Dois homens foram ao templo orar / Um fariseu, e o outro publicano;/ O fariseu orava a Deus? Engano! / Era de si pra si, a se exaltar. / E logo começou a enumerar: / Não sou como este homem profano,/ Jejuo, dou dízimo, me ufano,/ Não sou como os outros, sou exemplar / O outro olhava pro chão humilhado,/Batia no peito: Sou pecador! / Tem misericórdia de mim, Senhor! / Jesus diz: Este foi justificado,/ Pois quem se humilha será exaltado / E quem se exalta, perde o louvor.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Dois Filhos (Silvestre Kuhlmann)

Quis logo a herança o mais moço,/Foi pra longe em sua andança / E sem pesar na balança /Gastou. No fundo do poço / Nada tinha, nem pro almoço;/Então veio à sua lembrança: / Tive lar, tive abastança / Na casa do Pai que é nosso. Caiu em si, com remorso / Começou assim a mudança, / Na mente fez a sentença / Em arrependimento imerso / Vou voltar e ao pai dizer: / Veja só o meu pecado / Trate-me como empregado / Filho não mereço ser. / E o pai vendo-o distante /Correu, lançou-se ao pescoço / Do moço. Fez alvoroço./Ordenou em um instante: / Ponham nele a melhor veste / E um anel em seu dedo / Ele voltou do degredo / Tragam sandálias pra este! / Matem o novilho cevado / Comamos com alegria / Com dança e cantoria / Pois meu filho foi achado! / Voltando o filho primeiro / Do campo em que trabalhava / Ouviu o som que soava/ E a um servo indagou ligeiro: / Que cantoria é esta? / E ouviu: Teu irmão voltou / São e salvo retornou / E seu pai fez uma festa / O mais velho, indignado,/ Não entrou, ficou de fora / Saiu o pai: Comemora! / E o mais velho deu um brado: / Eu te sirvo há temporadas / Nunca desobedeci / Cabrito, não recebi / Pra juntar meus camaradas / Este que desperdiçou / Os teus bens com prostitutas / Sem dividir as labutas / O bezerro aproveitou / O pai lhe disse: meu filho / Tu sempre estás comigo / És servo ou és amigo? / É teu o vinho, o novilho / Tudo o que tenho é teu / Era justo festejarmos / E também nos alegrarmos / Pelo irmão que reviveu.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Jó (Silvestre Kuhlmann)

Havia um homem que se chamava Jó
Ele morava na terra de Uz,
Ele tinha galinha carijó, curió,
Ouro em pó, tudo o que reluz.

Ele era rico, tinha camelos,
Tinha três filhas e sete filhos belos,
Mas o mais importante: era bom e justo!
Só fazia o certo, não media o custo.

Um dia o “coisa ruim”, apresentou-se a Deus
Que lhe perguntou: Onde você andava?
E ele disse: pela Terra perambulava...
E Deus falou: Você viu Jó? O melhor dos servos meus?

E o “coisa ruim” lhe respondeu:
Ele te ama por interesse
Riqueza e gado e bens lhe deu
Você lhe responde toda prece...

E o “coisa ruim” pediu permissão
Pra provar que Jó não lhe amava não
E Deus lhe autorizou a tirar o que Jó tinha
E o “coisa ruim” pensou: Ele vai sair da linha.
Vou pegar Jó, sem dó, deixarei ele só.

E veio um mensageiro dizendo:
Homens maus e folgados
Mataram o gado e os empregados
E veio outro e disse: Caiu fogo do céu
Ovelhas foram pro beleléu
Veio mais um outro e contou:
Um bando os camelos levou
Veio mais um mensageiro ainda:
E disse: um vento derrubou a casa linda
E os filhos estavam dentro dela...

Jó rasgou a roupa bela
Rapou a cabeça, e prostrou-se no chão
E a Deus elevou esta canção:
Nasci sem nada / Morrerei sem nada,
O Senhor bens me entregou / E os bens levou

Ouve meu grito: Sejas bendito!