segunda-feira, 17 de maio de 2010

A Um Poeta

Olavo Bilac é um dos poetas mais criticados por lutar pela rima, ritmo, pela perfeição do verso. Muita gente diz que seus poemas são frios, e que não emocionam. Discordo. "A Um Poeta" fala de se trabalhar arduamente num poema, mas que ele deve soar simples ao leitor. Mais uma aula do mestre.

Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego
Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; E a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.

2 comentários:

  1. Olavo Bilac me encanta. Desde a infância aprecio sua poesia, rica em rimas raras, mas fartas. De ritmica impecável. Este foi, sem dúvida, tanto artíficie quanto poeta. Mais do que mero esteta. Conseguiu dar vida às palavras, finamente escolhidas. Não à toa, recebeu a alcunha de Príncipe dos poetas brasileiros.
    abraço

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  2. Olá, Priscila. Ser é perceber, e você é uma pessoa sensível. Grande dádiva! Infelizmente aprendi a apreciar Bilac bem mais tarde. Ele é, sem dúvida, um dos nossos príncipes. Abraços.

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