sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Cantiga dos Pastores


"Cantiga dos Pastores", de Adélia Prado, e a tela de Rembrandt "Adoração dos Pastores". Pastores de ovelhas...pessoas simples, como deveriam ser os que apascentam o rebanho de Cristo.

Cantiga dos Pastores

Adélia Prado


À meia noite no pasto,
guardando nossas vaquinhas,
um grande clarão no céu
guiou-nos a esta lapinha.
Achamos este Menino
entre Maria e José,
um menino tão formoso,
precisa dizer quem é?
Seu nome santo é Jesus,
Filho de Deus muito amado,
em sua caminha de cocho
dormia bem sossegado.
Adoramos o Menino
nascido em tanta pobreza
e lhe oferecemos presentes
de nossa pobre riqueza:
a nossa manta de pele,
o nosso gorro de lã,
nossa faquinha amolada,
o nosso chá de hortelã.
Os anjos cantavam hinos
cheios de vivas e améns.
A alegria era tão grande
e nós cantamos também:
Que noite bonita é esta
em que a vida fica mansa,
em que tudo vira festa
e o mundo inteiro descansa?
Esta é uma noite encantada,
nunca assim aconteceu,
os galos todos saudando:
O Menino Jesus nasceu!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Nome Bendito


Rupnik, em "O Caminho da Vocação Cristã": " Crer em Cristo significa também pensar como Ele, isto é, vencer perdendo, viver morrendo, receber doando".
O infinito fez-se finito. O Deus onipotente fez-se dependente do colo de Maria. O Leão fez-se Cordeiro. Ele é Aquele que merece ser servido, mas lava os pés dos discípulos. Este é Jesus. Nome Bendito. A Ele nos curvamos.

Nome Bendito
Letra e Música: Silvestre Kuhlmann

Tu és o Deus infinito
Que por nós se fez finito;
És o Cordeiro Imolado.

E nada é mais bonito,
Nem nome há mais bendito
Que o de Jesus Cristo amado.

E eu só posso me curvar e dizer
Que Tu és todo o meu prazer
E a minha glória é pertencer

A Ti, meu rei, meu dono e meu viver,
Vem ser Senhor de todo o meu ser,
A Ti pertencem honra e poder.

E quando Teus olhos fito
Não mais me sinto aflito,
Por Seu olhar sou curado;

Me sinto puro e aceito,
Aconchegado ao Teu peito,
Limpo de todo o pecado.

sábado, 13 de novembro de 2010

Como Será o Dia de Amanhã?

Soneto baseado em Mateus 6:25-34

Como Será o Dia de Amanhã?
(Letra: Silvestre Kuhlmann /
Música: Jônatas de Souza)

Como será o dia de amanhã?
Isto, a mim não importa saber
É Ele quem me sustenta o viver
É Ele quem faz a nova manhã

Que seja minha fé, assim, tamanha
A ponto de não me apegar ao ter
A ponto de não segurar, reter,
Tornando a existência triste e enfadonha

Basta a cada dia o seu mal
Deixar-me aos meus cuidados é fatal
O lírio sabe as mãos que Lhe tecem

Que eu me ocupe em ser luz e ser sal
Buscar seu Reino a lida principal
As aves, sem semear se abastecem

domingo, 3 de outubro de 2010

Ao Cristo Crucificado



Belíssimo soneto atribuído a Teresa de Ávila(1515-1582) sobre o desejo de Deus







Não me move, meu Deus, para querer-te
O céu que me hás um dia prometido:
E nem me move o inferno tão temido
Para deixar por isso de ofender-te.

Tu me moves, Senhor, move-me o ver-te
Cravado nessa cruz e escarnecido.
Move-me no teu corpo tão ferido
Ver o suor de agonia que ele verte.

Moves-me ao teu amor de tal maneira,
Que a não haver o céu, ainda te amara
E a não haver o inferno te temera.

Nada me tens que dar porque te queira;
Que se o que ouso esperar não esperara,
O mesmo que te quero te quisera.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Alegria Sem Mistura


A alegria que experimentamos aqui vem misturada com tristeza, dor, doença, morte. Mas um dia, O veremos (Visão Beatífica), e o vislumbre de Sua face irá fazer com que esqueçamos para sempre toda a dor e pesar. A alegria será sem mistura.

Alegria Sem Mistura
Letra e Música: Silvestre Kuhlmann

Cá na Terra não há alegria pura,
Também não vejo aqui amor perfeito;
Felicidade que mora em meu peito,
Com dor e com tristeza se mistura.

O prazer que desfruto pouco dura,
Melancolia vai comigo ao leito;
É um desassossego tão sem jeito,
Remendo nem remédio algum me cura.

Mas sei que um dia verei o Teu rosto,
E esta visão somente bastará,
Pra transformar em riso meu desgosto.

O brilho que há em Ti não findará,
E este luzir irei fitar com gosto,
E a glória Tua em mim transbordará.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

No Oculto de Seu Quarto

Soneto baseado no texto de Mateus 6:5-6: "E, quando orardes, não sejais como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará."
A recompensa esperada é a Presença do Pai, que se torna a única necessidade daquele que O busca.

No Oculto de Seu Quarto
Letra e Música: Silvestre Kuhlmann

No oculto de seu pequenino quarto
Portas fechadas, sem fazer alarde,
O moço presta culto; o peito arde.
Busca da Água e do Pão que o torna farto.

E diz ao seu Amado: Não me aparto
Deste lugar quer seja cedo ou tarde.
Nada me impedirá que eu Te aguarde;
Se não vieres a mim, daqui não parto.

De que me vale ter todas as coisas?
A fome em minha alma não se mede.
Virás pra saciar a minha sede?

Tesouros vãos se vão.São ventos, brisas,
Quero buscar primeiro a Ti e ao Reino;
No qual quero chegar feito menino.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Riso de Adão

Inspirado no livro “O Paraíso Perdido”, de John Milton. Adão vislumbra a vinda do Messias, e louva a maravilhosa soberania do Pai, que do evento mais terrível -a queda- gera o mais belo de todos – a encarnação de Cristo.

Riso de Adão
Letra e Música:Silvestre Kuhlmann

Oh! Bondade sem fim, bondade imensa!
Tiras de tanto mal um bem tamanho?
Tu transformaste em luz a treva densa,
E até do meu pecado causas ganho?

Da minha geração o Justo nasce!
Não há mais linda história, fé ou crença;
Mais bela criação n’Ele renasce,
Do que a primeira brilha mais intensa.

Até os anjos, no céu, se admiram,
E dizem a uma voz: “Digno é o Cordeiro!”
Um fato igual a este nunca viram.

O amor, na cruz, provou-se verdadeiro,
E o brilho do Messias louvam, miram.
Ele é o Senhor. O Último e o Primeiro.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Festa no Céu

Soneto dedicado a Claudia Carvalho, que se foi após uma existência de muitas dores e limitações físicas, perto de completar quarenta anos. Enfim, o descanso, o encontro com o Amado. Assim como "Soneto do Luto", "Festa no Céu" expressa a saudade e a esperança do cristão- A ressurreição do corpo, e a eternidade que passaremos junto a Cristo.

Festa no Céu
Letra e Música: Silvestre Kuhlmann

Hoje, não chora. Alegre, comemora.
Não ora mais, pois fala face a face;
Realizou-se o esperado enlace
E junto a seu Amado agora mora.

Por Cláudia era na Terra conhecida,
Mas na pedrinha branca está escrito
Um nome novo, muito mais bonito,
Que d’Ele recebeu, agradecida.

Ninguém mais sabe o nome. É segredo.
A história deles não tem fim e é linda,
Pois eterno é o amor do Autor do enredo.

Aqui na Terra a vida, um dia, finda,
E aos braços d’Ele eu irei sem medo;
E festejando ela estará ainda.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Caminho de Emaús

Letra e Música: Silvestre Kuhlmann

Andando no caminho de Emaús
Com minhas esperanças já perdidas,
Com minhas vistas tão escurecidas,
Não via que ao meu lado ia Jesus.

Que perguntou: “Por que estás tristonho?”
Falei: És Tu o único que ignoras?
Quem em Jerusalém passou as horas,
Na sepultura viu findar o sonho.

Expôs-me as Escrituras com beleza,
E enquanto Ele falava me ardia
O peito. Disse a Ele: Vai-se o dia,

Fique comigo, sente-se à mesa.
E quando abençoou, partiu o pão,
Vi ressurgir a minha salvação.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Soneto (Hc 3:17-19)

"Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto nas vides; ainda que falhe o produto da oliveira e os campos não produzam mantimento, ainda que o rebanho seja exterminado da manada e nos currais não haja gado; todavia eu me alegrarei no Senhor e exultarei no Deus da minha salvação. O Senhor Deus é a minha força. Ele fará os meus pés como os da corça, e me fará andar sobre os meus lugares altos" (Habacuque 3.17-19).

Soneto (Hc 3:17-19)
Letra e Música: Silvestre Kuhlmann

Ainda que a figueira não floresça
E não se encontre fruto na videira,
Que minta o produto da oliveira
E mantimento o campo não forneça,

Por mais que me aflijam tantas dores
E me falte o vigor e a saúde,
Me alegro, todavia, em plenitude,
Pois n’Ele o cinza prisma-se em mais cores.

O Senhor Deus é minha fortaleza,
Faz os meus pés ágeis como os da corça,
Me faz andar altivo, com firmeza,

Restaura dia a dia a minha força,
Por Sua salvação exultarei;
Com canto e instrumento O exaltarei.

terça-feira, 6 de julho de 2010

O Peregrino

Baseado no livro alegórico de John Bunyan, que é tido como o 2º livro mais lido, ficando atrás somente da Bíblia. O soneto resume a mensagem do livro: Estamos a caminho de nosso Lar, e quando chegarmos lá, adoraremos ao Cordeiro. Dele é todo o mérito. O sacrifício de Cristo nos torna aptos, pela Graça, a entrarmos em Seu Reino, e é a Sua companhia que nos ajuda na caminhada aqui.

O Peregrino
Letra e Música: Silvestre Kuhlmann

Neste país tornei-me peregrino;
Aqui não paro, estou de partida.
Vou indo rumo à terra prometida;
Terei descanso chegando ao destino.

O mundo é perigoso, vil, ferino;
Tudo conspira contra minha vida,
Mas a vitória é certa, não há dúvida;
Grato e seguro vou cantando um hino:

Maravilhosa graça de Jesus!
Quando eu chegar, será pelo teu mérito;
Pagaste a minha dívida na cruz.

Ao lado Teu termina meu conflito;
Terei os olhos fitos em Tua luz,
Que brilha mais que o sol e seu exército.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Lição de Madalena

No livro "Cartas a Uma Senhora Americana" C.S.Lewis escreve: "Um dia desses, percebi o sentido alegórico do ato grandioso dela (Maria Madalena). O precioso frasco de alabastro que devemos quebrar sobre os Santos Pés é nosso coração. É mais fácil falar do que fazer. E o conteúdo só se transforma em perfume quando o frasco se quebra. Enquanto ainda está seguro lá dentro, parece mais com esgoto. Tudo muito assustador".

Lição de Madalena
Letra e Música: Silvestre Kuhlmann

O meu precioso frasco de alabastro
-Que devo quebrar aos Teus santos pés-
Só tem bons aromas, qual aloés,
Quando saem do seu sujo e escuro claustro.

É mais fácil falar do que fazer,
Este vaso é meu próprio coração,
Que seguro, lá dentro, em sua prisão,
Tem mau cheiro e Te causa desprazer.

Tornes sensível, frágil, quebrantável,
Este peito tão cheio de defeito,
Tão propenso ao desvio e ao corromper;

Faças dele à Tua mão ser maleável,
Conformado ao Teu molde e do Teu jeito.
Faças, antes, meu vaso se romper.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Soneto do Luto

Este soneto foi feito em memória do pequeno Matheus, filho do pr. Getúlio e Rubenita, que faleceu aos três aninhos e meio. No velório, eu só conseguia abraçar a mãe, e nenhuma palavra de consolo me vinha à boca. O soneto tentou expressar o conforto e a segurança da ressurreição.

Soneto do Luto
Letra e Música: Silvestre Kuhlmann

Que eu possa transmitir em um abraço
O que falho em dizer em prosa e verso;
Em confusão e pranto estou imerso,
A morte no discurso atou um laço.

Que o choro me socorra do fracasso
E as lágrimas expressem o que sinto;
No corpo está a prova, eu não minto:
Opaco está o olhar e o brilho escasso.

Chorar com os que choram Cristo manda
E Ele fez-se humano e aqui desceu;
Por isto faço minha esta demanda.

Lembrando sempre que Ele padeceu
Mas ressurgiu e disse ao morto: “Anda!”
E anda ao lado d’Ele lá no céu.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Choro de Adão

Este soneto, também musicado por Jorge Ervolini, foi feito após a leitura de "O Paraíso Perdido", de John Milton. Interessante lembrar que o autor desta grande obra, toda em versos, era cego, assim como Homero.

Choro de Adão
Letra: Silvestre Kuhlmann
Música: Jorge Ervolini

Pior do que deixar o paraíso,
Lugar tão belo onde tenho vivido,
Foi Tua confiança ter traído;
Foi transformar em pranto Teu sorriso.

Talvez fosse melhor nem ter nascido,
E ter sido somente pó da terra,
Que propagar a dor, a morte, a guerra,
A todo o que por mim for concebido.

Senti prazer por tão breve momento.
O preço do pecado causa susto;
Será durável o meu sofrimento.

Padecerá por mim, um dia, o Justo;
Justiça será feita em seu tormento;
Só Ele poderá pagar o custo.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Tenho Tudo

Também feito em 2007, este soneto foi musicado por Jorge Ervolini. Ele tem uma forte identidade musical, por isso, não me atrevo a gravá-lo. Se uma gravação acontecer, será à maneira dele, e isso muito me alegrará.

Letra: Silvestre Kuhlmann
Música: Jorge Ervolini

Tem coisas que machucam minha alma,
Pecados que me revolvem na lama,
Tormentos que me reviram na cama,
Pensamentos que me tiram a calma.

Tem um que ri com gosto e bate palma,
Este, em definitivo não me ama;
Armadilhas e teias sempre trama
Alimentando as mazelas e o trauma.

Mas tem um que por mim deu Sua vida.
Não me castiga com fúria devida,
Me chama amigo, e mostra seu carinho.

E diz: Quem deu a vida não dá tudo?
E dá-me paz, amor, perdão, escudo,
Proteção, alegria, pão e vinho.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Soneto Obeso

Este é meu 2º soneto, feito no início de 2007, após uma viagem a Belém do Pará. Nem sempre se está feliz com o excesso de peso, mas como diz um personagem de Woody Allen no livro “Cuca Fundida”: “Quando você perde 10 quilos, pode estar perdendo os melhores 10 quilos de sua vida. Pode estar perdendo os 10 quilos que contém o seu gênio, a sua humanidade, o seu amor e honestidade ou, quem sabe, apenas um irrelevante pneumático na cintura.”

Soneto Obeso
Letra e Música: Slvestre Kuhlmann

Lá no Pará tem pato ao tucupi,
Doce de bacuri no Ver-o-Peso;
Quando fui me pesar, me vi obeso,
De iguarias do norte me entupi.

Duas vezes meu raio vezes pi,
É tão longo que o cinto fica teso;
Se eu tratar o regime com desprezo,
Nunca mais eu verei este pipi.

No Maranhão tem arroz de cuxá,
Em Maceió, sururu de capote,
E eu me esqueço do chuchu e do chá.

Deste jeito eu afundo qualquer bote;
Ta ficando difícil de agachar.
Mas se o doce é gostoso eu como um pote!

terça-feira, 25 de maio de 2010

Soneto 1

Este é meu 1º soneto. Escrevo, com ironia, sobre o poeta de palavras que é "um tranqueira" como ser humano, mas lava as mãos pois, afinal, tem a desculpa: "mas versos lindos faço feito Olavo".

Se tu pensas que sou sempre bom moço
E que minhas palavras são poesia,
Minha fala indigesta dá azia,
Sou pior do que carne de pescoço.

E se passa um pouco a hora do almoço
Eu reclamo demais, em demasia;
E se a alcatra não estiver macia
E mais dura de roer do que um osso,

Tu verás o que é ser um cara chato,
Um angu de caroço, um bicho bravo,
Que não vale a comida do seu prato.

Mas versos lindos faço feito Olavo!
Se na vida eu sou sempre ingrato,
Qual Pilatos, as minhas mãos eu lavo...

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A Um Poeta

Olavo Bilac é um dos poetas mais criticados por lutar pela rima, ritmo, pela perfeição do verso. Muita gente diz que seus poemas são frios, e que não emocionam. Discordo. "A Um Poeta" fala de se trabalhar arduamente num poema, mas que ele deve soar simples ao leitor. Mais uma aula do mestre.

Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego
Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; E a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Buscando a Cristo

Gregório de Matos, mais conhecido como "Boca Maldita", aqui mostra-se "Boca Bendita". Este é um dos sonetos mais comoventes que já li. A beleza da forma aliada ao "espírito" lírico.

A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta descobertos
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.

A vós, divinos olhos, eclipsados
De tanto sangue e lágrimas abertos,
Pois, para perdoar-me, estais despertos,
E, por não condenar-me, estais fechados.

A vós, pregados pés, por não deixar-me,
A vós, sangue vertido, para ungir-me,
A vós, cabeça baixa, p'ra chamar-me

A vós, lado patente, quero unir-me,
A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
Para ficar unido, atado e firme.

domingo, 2 de maio de 2010

Sonetos

Apreciando poesia, não dá pra deixar de perceber o espaço que os grandes poetas deram à forma soneto, composição poética de catorze versos, em geral rimados e dispostos em quatro estrofes (dois quartetos e dois tercetos), com versos de dez sílabas, até à última tônica, em sua maioria (modelo levado à perfeição por Camões). Note o 1º, 4º,5º e 8º versos terminados em "er", o 2º, 3º, 6º e 7º em "ente", o 9º, o 11º e 13º em "ade" e o 10°, 12º e 14º terminados em "or". Observe também os decassílabos, contados da primeira sílaba até à última tônica:

A-mor-é- fo-go-quear-de-sem -se-ver/
É-fe-ri-da-que-dói-e-não-se-sen(última tônica)-te

Soneto 5 (Camões)

Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Com Milhares de Tambores

Letra: Silvestre Kuhlmann
Música: Bruno Albuquerque

Esta letra, repleta de redondilhas, imagina o povo brasileiro, resgatado, entoando um cântico ao Cordeiro em meio a tantos de outras tribos, línguas, povos e nações. E tribos, línguas, povos e nações implica em celebração da cultura redimida por Ele e para Ele. Variedade, tambores, brados e folias. Nossa contribuição na Música daquele grande dia. (Apocalipse 5:9).

Com milhares de tambores,
Procissões de cantadores
Do sertão e da floresta
Vão sorrir, vão fazer festa;

Com seus brados e folias,
Gente do mundo inteiro
Louvará todos os dias
Nosso bendito Cordeiro.

Toda tribo, toda língua
Provará daquela Água;
Quem a bebe não tem sede
Pois do nosso Pai procede.

Resgatados por Seu sangue
Dos cerrados e do mangue
Cantarão um novo cântico:
A Ele tudo o que é rico,

A Ele tudo o que é nobre,
A Ele o ouro e o cobre,
A Ele que é nosso Amante
O rubi e o diamante;

Àquele por nós Amado,
Um tesouro incalculado;
Glórias e ações de graças,
Danças de todas as raças.

Àquele que está no trono,
Àquele que é nosso dono,
Toda honra e poder,
Toda força e saber.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Ritmo na poesia (redondilhas)


Cecília Meireles no poema “Discurso”: "...Um poeta é sempre irmão do vento e da água: Deixa seu ritmo por onde passa". Há um tempo percebi que boa parte dos poemas que admirava tinha como característica o ritmo. Aqui, ressalto alguns belos versos em redondilhas maiores (sete sílabas contadas da primeira até à última tônica).


"Navio Negreiro", de Castro Alves: "Senhor Deus dos desgraçados!/Dizei-me vós, Senhor Deus!/Se é loucura... se é verdade/Tanto horror perante os céus?!/Ó mar, por que não apagas/Co'a esponja de tuas vagas/De teu manto este borrão?.../Astros! noites! tempestades!/Rolai das imensidades!/Varrei os mares, tufão!" .

"Canção do Expedicionário", de Guilherme de Almeida: "...Você sabe de onde eu venho?/É de uma Pátria que eu tenho/No bojo do meu violão;/Que de viver em meu peito/Foi até tomando jeito/De um enorme coração./Deixei lá atrás meu terreno,/Meu limão, meu limoeiro,/Meu pé de jacarandá,/Minha casa pequenina/Lá no alto da colina,/Onde canta o sabiá./Por mais terras que eu percorra,/Não permita Deus que eu morra/Sem que volte para lá;/Sem que leve por divisa/Esse "V" que simboliza/A vitória que virá:/Nossa vitória final,/Que é a mira do meu fuzil,/A ração do meu bornal,/A água do meu cantil,/As asas do meu ideal,/A glória do meu Brasil."

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Lançamento do Cd "Milagres"

Dia 17 de abril, às 19h, na Comunidade de Jesus em SP. Rua Edison, 387-Campo Belo-São Paulo.

Banda: Silvestre Kuhlmann-Violão, viola e voz// Alexandre Viriato: Baixo // Gilson Oliveira: Percussão.

Após o evento, haverá tapioca.

domingo, 4 de abril de 2010

Três Estados


Ele é o Deus ressuscitado,
Sobre todos elevado;
Sob Seus pés, a morte, o luto,
O pranto e a dor,
Derrotados.

À Sua volta,um povo livre,
Com Seu sangue comprado,
Contempla Sua face
E nas frontes vai Seu Nome.

E não há maldição e nem noite,
Nem luz de candeia, nem sol;
E não há maldição e nem noite,
Estrela da Manhã brilhará.

Ressurreto

(Silvestre Kuhlmann e Gladir Cabral)

A doença surgiu;
Mas não perco a esperança:
Cristo ressurgiu!

O amigo faltou;
Não me sinto sozinho:
Cristo ressuscitou!

O que importa
É que a pedra
Que era porta
Foi removida
E agora há vida!

Minha triste feição
Se transforma risonha:
Ressurreição!

Sem teto e sem chão
Eu me sinto acolhido
Ressurreição

O que importa
É que a pedra
Que era porta
Foi removida
E agora há vida!

Contra todo o poder,
Contra a força da morte,
Cristo ressuscitou

Clareou a manhã
E o destino da Terra:
Ressurreição!

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Crucifixão

Telas de Delacroix, Marc Chagall e Giotto di Bondone.

Ele não se escondeu
Ao ver o meu estado;
Mostrou o rosto, foi surrado,
Se abriu pro abraço, foi pregado
Deu-me Água Viva pra beber,
Morreu com sede;
Reto Juiz, sem merecer,
Foi réu de morte.

Falou poesia,
Ouviu escárnio,
Atou a ferida,
Levou lança ao lado,
Reuniu multidões,
O abandonaram,
Entre dois ladrões
O colocaram.

Sexta-Feira

Ele é o Deus crucificado
No madeiro da infâmia;
Coroa de espinhos entrelaçados,
Oh! Fronte ensangüentada!
Formosos pés, mãos que curam,
Perfurados pelos cravos;
E grandes e pequenos lançam injúrias.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Traição

5ª feira. Noite em que Jesus foi traído com um beijo de mentira (curioso esta quinta-feira cair num 1º de Abril). Vejo esta tela de Giotto di Bondone (1267-1337) e paro pra pensar: Se Ele sabia que Judas o trairia, porque foi com ele até o fim, incluíndo-o no círculo de seus amigos mais íntimos? Escuto a voz de Cristo: "Amigo, a que vieste?", e fico aqui pensando quantas vezes o traí, e Ele nunca, nunca, me abandonou.

sábado, 27 de março de 2010

O Silêncio é Semente

Letra e Música: Silvestre Kuhlmann

Eu procuro uma canção dentro de mim,
Mas nada vem. Estou mudo.
Este silêncio é cortante, pontudo;
Dele nascerá um jardim.

Desta semente silenciosa
Brotarão botões de rosa
Pousarão mil borboletas
Pretas, azuis, violetas.

Neste canteiro,
Um girassol;
Ervas de cheiro,
Um pôr de sol.

O mundo inteiro
Pára pra ouvir o rouxinol
Cantar certeiro
Em sustenido e bemol.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Semente

Letra e Música: Silvestre Kuhlmann

Quero voar, não tenho asas;
Poesia, asa ritmada,
Vem e me acode, sacode o pó,
Me tira do chão!

Poesia, embrião,
Sou da terra, me devolve ao chão!
Me enraíza ao solo e o sol quero ver
Tão constante enquanto mudo,
Mudo.

E ao mudar a estação,
E ao chegar o outono,
Ao caírem as folhas,
Lembrarei que fui sombra, flores, frutos...

E um dia, serei lenha,
Boa madeira,
Talvez um teto,
Uma farta mesa,
Um violão,
Ou terminar como húmus
Chão da nação que amo.

sábado, 20 de março de 2010

Trabalha, Poeta

Letra e Música: Silvestre Kuhlmann

Sem meias palavras,
Semeia a Palavra,
Cultiva a boa semente.
Espalha por este solo da terra
Poemas.

quinta-feira, 18 de março de 2010


A pena, a peneira, a pepita;
Garimpa, lapida,
Descobre o tesouro,
Cava com a pá.

Provoca o vocabulário
Bulindo no vocabulário;
Burla o sentido, faz o belo,
Elabora, labora.

segunda-feira, 15 de março de 2010


Procura a cura no verso;
Emoção, reação adversa.
É perverso ver o mundo
Sem teu olhar, poeta.

Se te moves, poeta,
Comoves;
Poeta, não te acomodes
Nas cavernas de melancolia.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Teus Olhos

Letra e Música: Silvestre Kuhlmann

Teus olhos são luzentes
Que fazem corar, chorar.
Nunca vi tal brilho antes,
Verdes, gêmeos, gemas preciosas.

Teus olhos, diamantes,
Tem por amantes meus dois olhos.
São dia-amantes, à tarde, amantes,
À noite, amantes, namorados.

Teus olhos, esmeraldas,
Ferozes, me ferem como lanças;
Se me lançares um olhar,
Este olhar guardarei na lembrança.

Que corais e coros cantem:
Coruscantes são teus olhos!
Que poetas escrevam poemas,
Poesias que te encantem.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Leve é a Pena

Letra e Música: Silvestre Kuhlmann

Vem, passarinho;
Vem pro meu colo e se aninha.
Em meu coração, faz seu ninho;
Voa livre, vai e volta.

Esse mar é tão revolto...
Passarinho solto prepara seu pouso
E ao ver o seu vulto
A alegria me toma de assalto.

Você é passarinho,
Eu sou poeta.
Vai, voa ligeiro, alcança sua meta,
Mas nunca se esqueça:
Sou sua metade.

Sua pena voa,
A minha escreve.
Torna eterno
O que é terno e breve;
O momento,
A emoção que invade o peito
E quando me pega de jeito,
Me leva leve.

Como leve é a pena!

terça-feira, 2 de março de 2010

"Nova Fase"

Em 1996 me formei bacharel em violão erudito, e em 2000 gravei meu primeiro cd de canções. Como a canção é feita de letra e música, tenho me devotado, há algum tempo, à leitura. Sentia que minhas letras estavam aquém. Como disse Carlos Drummond de Andrade : “Entendo que poesia é negócio de grande responsabilidade, e não considero honesto rotular-se de poeta quem apenas verseje por dor-de-cotovelo, falta de dinheiro ou momentânea tomada de contato com as forças líricas do mundo, sem se entregar aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e mesmo da ação. Até os poetas se armam, e um poeta desarmado é, mesmo, um ser à mercê de inspirações fáceis, dócil às modas e compromissos.” Nesta caminhada prazerosa, descobri muita coisa boa. Estas descobertas, quero dividir com quem lê este blog. Considero “Leve é a Pena”, “Teus Olhos”, “Trabalha, Poeta” (gravada no cd “Dedo de Prosa”, em 2007) e “Semente”, escritas em 2004, o início de uma “nova fase”. Parte desta fase será encontrada no cd “Leve é a Pena”.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Milagres

Existem aqueles que não crêem em milagres e aqueles que têm os olhos abertos, maravilhados por tudo o que os cerca. Chesterton, em “Ortodoxia”, mostra esta segunda forma de olhar: “Pelo fato de as crianças terem uma vitalidade abundante, elas são espiritualmente impetuosas e livres; por isso querem coisas repetidas, inalteradas. Elas sempre dizem: “Vamos de novo”; e o adulto faz de novo até quase morrer de cansaço. Pois os adultos não são tão fortes o suficiente para exultar na monotonia. Mas talvez Deus seja forte o suficiente para exultar na monotonia. É possível que Deus todas as manhãs diga ao sol: “Vamos de novo”; e todas as noites à lua: “Vamos de novo”. Talvez não seja uma necessidade automática que torna todas as margaridas iguais; pode ser que Deus crie todas as margaridas separadamente, mas nunca se canse de criá-las. Pode ser que ele tenha um eterno apetite de criança; pois nós pecamos e ficamos velhos, e nosso Pai é mais jovem do que nós. A repetição na natureza pode não ser mera recorrência; pode ser um BIS teatral.”

Milagres
Letra e Música: Stênio Marcius e Silvestre Kuhlmann

Eu vejo milagres a todo o momento
Se meu coração for grato e atento;
O pão sobre a mesa, um filho que chega,
O sol e a certeza do amor de Deus.

É como se eu fosse, de fato, uma ilha
Debaixo de um céu de graça,
Plantada em mar de milagres.

Eu vejo milagres na minha família,
Na vida e na casa de meus amigos;
No corpo e na alma de meus irmãos
Se meu coração tiver olhos pra ver.

Eu vejo milagres por todo lugar,
Eu vejo milagres ao ir e ao chegar,
Eu vejo milagres da graça de Deus,
Eu vejo milagres em volta dos Seus.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Viver com Deus

Fiz esta canção após o suicídio de um amigo, o Gustavo. Nunca pensei que iria enfrentar uma situação como esta, e passei a rever meu jeito de viver. Reduzi muito minha carga horária de trabalho, e passei a estar mais perto dos amigos, pois dinheiro, a gente perde e ganha, e um amigo que se vai, não volta.

Viver com Deus
Letra e Música: Silvestre Kuhlmann

Viver com Deus nem sempre é fácil;
Andar com Ele é tudo o que importa.
A pobreza, a dor , a luta,
A angústia e a agonia
Podem ser o jeito d’Ele
No silêncio falar.

Viver com Deus
É dizer não à vida ressentida,
Entediante, deprimente e solitária.
E agora tudo o que nos acontece
É parte da caminhada rumo à casa do Pai.

Liberdade é perder o medo
De estar preso aos outros
E se soltar de si mesmo.

Amar é correr o risco
E seguir à risca o ensino de Cristo;
Viver é negar-se,
Cravar na cruz o ego.

Ter fé é fazer-se cego;
Enxergar a Deus no escuro,
Sentir-se seguro.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Visão Beatífica

Letra e Música: Silvestre Kuhlmann

Oh! Quanto desejo
Contemplar o Teu Rosto;
Visão que em um só instante
Afastará
Lembrança de dor e pesar.

Dedicarei ao Cordeiro Santo
Pra sempre o meu canto;
Nunca mais estarei distante
Do meu Grande Bem.

Não mais falta de nada,
Tudo no Amado encontrarei,
Maior prazer não há
Que desfrutar de Ti pra sempre...
Oh! Quanto desejo!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Vigília

Letra e Música: Silvestre Kuhlmann

Invocamos a Presença
Que torna santo este lugar
E me faz, por meus pecados, lamentar;
Que me faz ver a miséria
Que levou Jesus à cruz,
Faz clamar a ressurreição
Deste corpo de morte.

Invocamos a Presença
Que toda a sede vem saciar,
Que ilumina o entendimento,
Faz minhas veias pulsar;
Torna tudo irrelevante, seja medo, angústia ou dor,
Traz o êxtase e a vida, faz o fraco ser forte.

Invocamos a Presença que renova meu semblante,
Traz temor à minha alma, faz amar meu semelhante;
Faz tremer minha estrutura, de mim mesmo me esquecer,
Faz pra velha natureza morrer.

Invocamos Tua Presença como quem mais nada almeja,
Porque nada mais importa além da boa peleja
De esperar a Tua dádiva, de Te ver, Te conhecer,
E me olhando por dentro, um pouco de Ti reconhecer.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Claudio Martos


Claudio Martos é um daqueles amigos que tornam o fardo mais leve. Como diria Diamanso, o amigo deve ser “facilitador” do outro amigo, e Claudio tem sido assim. "Vida Verdadeira" é letra que ele escreveu (tive a alegria de musicá-la), resumo de sua busca diária, e título do seu segundo cd.

Vida Verdadeira
Letra: Claudio Martos
Música: Silvestre Kuhlmann


Que o Sol brilhe
Qual a vida continua;
Que se veja um sorriso
Desenhado em tua boca.

Que o vento que nos sopra
Refresque a nossa era,
E que o amar a Cristo
Seja nossa querença;

Que andando pela terra,
Amigos surjam nela,
E que a boca fale sempre
De uma vida verdadeira.

Que abraços abundantes,
Como as rosas que prosperam,
Num o amor tenro e frugal,
Cheiro suave que acalenta;

Que a graça da palavra,
Meu amado me dê nesta
E espalhá-la aos sete cantos
pra que as gentes não se percam.

Labirintos que se armam,
Tempestades, labaredas,
Que em desvarios
Nossa alma não se perca.

E que tudo seja Cristo,
Que o sorriso seja seta,
Num sincero andar contigo
De uma vida verdadeira.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Vaso Fendido

Letra e Música: Silvestre Kuhlmann

Sem Ti, não faz sentido viver;
Que todos venham compreender.
Sem Ti, não faz sentido viver,
Por mais que possa parecer.

Sem ser evidente a Tua presença,
Me vejo desfalecer;
Nem valeria esta canção escrever
Se não moves meu proceder.

Longe de Ti,
Meu coração apodrece,
Sou vaso fendido
Esperando que venhas me encher.

Tiraste meu chão,
Tomaste-me em Tuas mãos
Me ensinaste a de Ti depender;
Calar-me, ouvir-te, obedecer,
Calar-me, ouvir-te, obedecer.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Tua Semelhança

Letra e Música: Silvestre Kuhlmann

Quanto mais me aproximo
Em semelhança ao Teu caráter,
Mais percebo a vasta distância
Que me separa de Ti.

Longo é o caminho a percorrer,
Passo a passo mais prazer,
Tanto mistério a descobrir,
Pois toda a vida em Ti se esconde.

Fonte inesgotável,
És todo desejável,
Meu Senhor Jesus.

Em Ti, frustração não há,
Por Ti me importa tudo padecer,
Pois encontro a felicidade
Na força do Teu abraço,
No centro da Tua vontade.

Longo é o caminho a percorrer,
Passo a passo mais prazer,
Tanto mistério a descobrir,
Pois toda a vida em Ti se esconde.

Encontro a felicidade
Na força do Teu do Teu abraço,
No centro da Tua vontade.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Teus Atributos


Tudo o que se diz sobre Deus é aquém do que Ele, de fato, é. Por isso começo com "Tu és Mistério". Este verso faz eco à voz de Agostinho quando diz, em "Confissões": "Que posso fazer se alguém não compreende? Que exulte dizendo: Que mistério é este? Que exulte e prefira encontrar-te, não te compreendendo, a não te encontrar, compreendendo"

Teus Atributos
Letra e Música: Silvestre Kuhlmann

Tu és mistério,
És mar insondável,
Incompreensível,
Eterno, imutável,
És infinito, és trino,e és um.
Louvamos Tua grandeza.

És santo e puro,
És forte e sábio,
Tu és tão justo
E também és amor;
Incomparável
Em Teus atributos.
De Te louvar não me canso.

És o cordeiro,
És festa e perdão,
És pleno em graça
E em compaixão;
Tu és tão grande
E estás entre nós.
És poderoso e manso.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Onde Deus Está?


Letra:Márcio Cardoso
Música: Silvestre Kuhlmann

Quando te vimos poeta e trovador
Compondo caras canções
e bulindo nos sons?
Quando fazes metáforas,
rabiscas insights
Devolvendo sentido e cor
às palavras maltratadas?

Quando te ouvimos dizer beleza e verdades
Traduzir choro e riso, o belo e o trágico
Emprestar voz ao sem vez e verso aos que não tem
Onde te encontramos, Deus se olho nenhum te viu?

“Estou na poesia do amigo, nas entrelinhas e entre sons
Nos devaneios dos gênios e na alma dos mitos e histórias
Estou no vôo subversivo e calmo da utopia e dos artistas
Sou o rosto de todas as gentes e o gemido dos oprimidos”

Quando nos tocas e nos deixas sem fôlego
A um passo do abismo, a um salto para o infinito?
Quando nos fazes suspirar, umedecer nossas retinas
E os lábios agradecidos em louvor emudecem?

“Estou na poesia do amigo, nas entrelinhas e entre sons
Nos devaneios dos gênios e na alma dos mitos e histórias
Estou no vôo subversivo e calmo da utopia e dos artistas
Sou o rosto de todas as gentes e o gemido dos oprimidos”


Sou a voz dos que cantam
A voz dos que clamam
Voz dos que calam
Dos que cantam
Que clamam
Calam
(...)” (Dedicada ao Silvestre Kuhlmann) 12/01/09

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Márcio Cardoso


Conheci o Márcio Cardoso há muito tempo, em Curitiba (1997 ou 1998). Na época, eu fazia parte do grupo "Cantoria", com Raquel e Priscila Barreto, Cássia San Martin e Sonia Polonca. Após um almoço ficamos tocando as canções um para o outro, e como ouvinte, apenas o Gedeon. Nenhum de nós tínhamos gravado. O tempo passou, reencontrei o Márcio agora em Fortaleza, sua terra, casado, com filhos, com cd gravado. É amigo querido, e agora, parceiro. Posto aqui uma de suas belas composições.

Um nome de Deus

Este desejo em mim que não sossega
É grandeza e não tem nome;
Nasceu comigo, mas vem de muitas eras,
Atrás da linha do horizonte;
Companheira que é saudade,
Uma ausência que é presença,
Ah, desejo... meu suspiro e devoção.

Este desejo em mim que não me larga,
Fala muito qual silêncio,
Emudece os meus lábios feito a morte,
O hiato de quem vive,
Parte de mim que já se foi,
A metade que não vai,
Ah, desejo... meu fôlego e fé.

Meu desejo diz mais que palavras,
É o melhor da minha oração,
Já traduziu o que a letra matou,
No meu gemido o Pai discerniu,
Ah, desejo... um nome de Deus.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Tempo de Agradecer


Letra: Silvestre Kuhlmann
Música: Silvestre Kuhlmann e Glauber Plaça

Por respirar, por viver,
Por conviver, partilhar;
Porque fizeste a mim todo o bem,
Pelo que ainda farás.

É tempo de agradecer,
É hora de Te adorar,
Não só porque tudo tens,
Mas por Tu seres quem és.

Se me tirares tudo o que tenho,
Livre estarei para a ti me achegar;
Nu, pobre e cego, falido e sem rumo,
Vaso vazio que transbordará.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Supremo Arquiteto


Esta canção é uma oração. Nela, quero me ajustar a três imagens. Alguém cheio em si mesmo que deve ser esvaziado; uma casa que deve ser destruída pra ser erguida novamente, com o "habite-se" de Deus, como diria Diamanso; um espelho sujo que reflete a única e verdadeira luz de forma distorcida, mas quer ser limpo pra refleti-la melhor.

Supremo Arquiteto
Letra e Música: Silvestre Kuhlmann

Esvazia-me de mim
Pra que caiba mais de Ti
Dentro em mim,
Até os limites.

Santifica-me
Pra que, como espelho limpo,
Eu reflita
O brilho que há em Ti.

Não tenho luz própria,
Mas só a que vem de Ti.
Não tenho nada a Te ofertar;
Vem, derruba a minha casa
Pra depois edificar
Um palácio onde venhas
Tu mesmo morar.

Sei que habitas num alto e santo lugar,
Mas também ao lado do contrito e abatido,
Ó Alto,
Ó Santo,
Ó Supremo Arquiteto,
Vem, derruba a minha casa
Pra depois edificar.