Este é meu 1º soneto. Escrevo, com ironia, sobre o poeta de palavras que é "um tranqueira" como ser humano, mas lava as mãos pois, afinal, tem a desculpa: "mas versos lindos faço feito Olavo".
Se tu pensas que sou sempre bom moço
E que minhas palavras são poesia,
Minha fala indigesta dá azia,
Sou pior do que carne de pescoço.
E se passa um pouco a hora do almoço
Eu reclamo demais, em demasia;
E se a alcatra não estiver macia
E mais dura de roer do que um osso,
Tu verás o que é ser um cara chato,
Um angu de caroço, um bicho bravo,
Que não vale a comida do seu prato.
Mas versos lindos faço feito Olavo!
Se na vida eu sou sempre ingrato,
Qual Pilatos, as minhas mãos eu lavo...
Queria poder dizer que não conheço alguém assim, mas, infelizmente (ou felizmente, não sei), a gente vê algumas máscaras caindo e a poesia, que antes era admirada e motivo de deleite, torna-se apenas um lembrete do grande oco que existe no "poeta".
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