Gregório de Matos, mais conhecido como "Boca Maldita", aqui mostra-se "Boca Bendita". Este é um dos sonetos mais comoventes que já li. A beleza da forma aliada ao "espírito" lírico.
A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta descobertos
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.
A vós, divinos olhos, eclipsados
De tanto sangue e lágrimas abertos,
Pois, para perdoar-me, estais despertos,
E, por não condenar-me, estais fechados.
A vós, pregados pés, por não deixar-me,
A vós, sangue vertido, para ungir-me,
A vós, cabeça baixa, p'ra chamar-me
A vós, lado patente, quero unir-me,
A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
Para ficar unido, atado e firme.
comovente mesmo, Sil.
ResponderExcluiraté eu, desforme mesmo em ler, apreciei...
obrigada!
Sil, você disforme em ler? Boa parte da literatura que me comove, foi você quem apresentou. Fora tanta coisa boa que você tem escrito e que me alimenta há tantos anos. Você ser minha amiga é um gesto de condescendência. Sou seu fã. Beijo!
ResponderExcluirera exatamente isso que "minha" culpa precisava ouvir hoje.
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