quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014
Dois Filhos (Silvestre Kuhlmann)
Quis logo a herança o mais moço,/Foi pra longe em sua andança / E sem pesar na balança /Gastou. No fundo do poço / Nada tinha, nem pro almoço;/Então veio à sua lembrança: /
Tive lar, tive abastança / Na casa do Pai que é nosso.
Caiu em si, com remorso / Começou assim a mudança, / Na mente fez a sentença /
Em arrependimento imerso / Vou voltar e ao pai dizer: / Veja só o meu pecado / Trate-me como empregado / Filho não mereço ser. /
E o pai vendo-o distante /Correu, lançou-se ao pescoço / Do moço. Fez alvoroço./Ordenou em um instante: / Ponham nele a melhor veste / E um anel em seu dedo / Ele voltou do degredo / Tragam sandálias pra este! / Matem o novilho cevado / Comamos com alegria /
Com dança e cantoria / Pois meu filho foi achado! /
Voltando o filho primeiro / Do campo em que trabalhava / Ouviu o som que soava/
E a um servo indagou ligeiro: / Que cantoria é esta? / E ouviu: Teu irmão voltou /
São e salvo retornou / E seu pai fez uma festa /
O mais velho, indignado,/ Não entrou, ficou de fora / Saiu o pai: Comemora! / E o mais velho deu um brado: / Eu te sirvo há temporadas / Nunca desobedeci / Cabrito, não recebi / Pra juntar meus camaradas / Este que desperdiçou / Os teus bens com prostitutas / Sem dividir as labutas / O bezerro aproveitou /
O pai lhe disse: meu filho / Tu sempre estás comigo / És servo ou és amigo? /
É teu o vinho, o novilho / Tudo o que tenho é teu / Era justo festejarmos / E também nos alegrarmos / Pelo irmão que reviveu.
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Pintura de Pompeo Batoni.
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